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Parece-nos bem apropriado comemorar alegremente os 525 anos da nossa

Pátria com este vídeo em que o premiado multi instrumentista  Fabio Lima nos brinda com três clássicos do choro brasileiro: Brasileirinho e Pedacinho do céu de Waldir Azevedo; Tico-Tico no Fubá de Zequinha de Abreu e com Nuvens de Algodão de sua autoria.

UM POUCO DA HISTÓRIA DO CHORINHO BRASILEIRO

chorinho de portinari.jpg
Cândido Portinari

      A origem da palavra "choro" como gênero musical é controversa. Alguns pesquisadores propõem que o termo surgiu da fusão do verbo chorar, e de "chorus", que em latim significa "coro". 

     Para Lúcio Rangel e José Ramos Tinhorão, a expressão choro derivaria da maneira chorosa, melancólica, com que os violonistas do século XIX acompanhavam as danças de salão européias.

   O folclorista Câmara Cascudo arrisca que o termo pode também derivar de "xolo", um tipo de  baile que reunia os escravos das fazendas, expressão que, por confusão com a parônima portuguesa, passou a ser conhecida como "xoro" e finalmente, na cidade, a expressão começou a ser grafada com "ch".

     Segundo José Ramos Tinhorão, o choro aparece, em 1870, não como gênero musical, mas como "forma de tocar", e sua origem está no estilo de interpretação que os músicos populares do Rio de Janeiro imprimiam à execução das danças de salão européias, principalmente as polcas que eram as mais populares no Brasil desde 1844. Sob o impulso criador dos "chorões", a comunidade de músicos populares, as danças européias foram "abrasileirando-se", adquirindo feições genuinamente nacionais.  

     A partir das primeiras décadas do século XX o termo "choro" passou a ser utilizado para nomear um repertório de músicas que inclui vários ritmos. A palavra "chorinho” também se popularizou como referência ao gênero, designando um tipo de choro em duas partes, ligeiro, brejeiro e muito comunicativo.

   A formação instrumental dos primeiros grupos de choro tinha como base os instrumentos de sopro, principalmente a flauta e o oficleide (um instrumento precursor dos saxofones), além do violão e do cavaquinho. No decorrer do século XX, o bandolim adquire um lugar de destaque como solista, e o pandeiro se consolida como o principal instrumento de percussão. A partir da década de 1950, o violão de sete cordas também passa a ter destaque pelas mãos de Dino 7 Cordas, consolidando a formação moderna de um conjunto de choro.

A cooperação dos leitores
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 BRASIL DA GENTE

João Castro

 

A gente não sabe o que tem

por trás de gente

Descobriram o que a gente já sabia

Grande terra frutífera na Bahia

Pau-Brasil, grutas e rios

Mistura fina se transformou

Negro, branco e índio

Mulato, cafuzo e mameluco

Mix de cores, sorrisos e credos

Popularmente Brasil

1500 das navegações

200 milhões de corações

Das terras brasileiras

O mundo respira maravilhas

Verde e branco, amarelo e blue

Revelamos a Turquesa

Do Brasil das princesas

Gente guerreira

Fé brasileira

Povo da alegria

Em meio das divergências

Tropical país...

Brasil da gente!

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Imam Malek

QUEM É VOCÊ?

Edimilson Eufrásio

 

 

Quem é você que no ímpeto

de tocar minha alma

Simplesmente me invade,

me tortura, que advém do nada.

Que com um olhar me faz sonhar, renascer, sobreviver

Que com um sorriso me deslumbra,

me encanta, me fascina

Que com teu cheiro me seduz,

me embriaga, me alucina

Quem é você?

Que me ama mesmo estando distante, ausente, indiferente

Que me surpreende, me ilude, promete e depois parte!

Que alimenta meus sonhos, imaginação e desaparece.

E mesmo assim, deixa saudade?

Quem é você?

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Cândido Portinari

NOSSA RAÇA BRASILEIRA

Maria T. Arruda G. de França                                  

Pelo que nos conta a História,

este é um fato, uma certeza:

era  muito corajosa

aquela  gente portuguesa!

Aquela gente era valente

vindo em suas caravelas,

pois enfrentavam quimeras

de monstros e de perigos

por mares desconhecidos

só apoiados na fé,

na força de suas velas,

e em seus conhecimentos

de uma escola pioneira:

era a Escola de Sagres,

em toda a Europa, a primeira

na arte de navegar!

Era mesmo bem valente

e inteligente

aquela gente de além mar!

 

E nesta terra aportaram

ao  pôr do sol, mês de abril.

E uma cruz  levantaram,

agradecendo a beleza

e adivinhando a riqueza

imensa, deste Brasil.

 

Os valentes tupiniquins

os viajantes acolheram

e a eles se misturaram.

Gentios altivos, guerreiros,

vivendo em simplicidade,

suas terras dividiram,

mas jamais sua liberdade!

Uma mancha de vergonha               veio então: a escravidão!

A alma e o corpo sangravam

na humilhação forçada,

na liberdade tirada.

Nossos irmãos africanos,

fortes nos braços, nas mãos,

plantaram e cultivaram:

cafezais, canaviais,

enriquecendo este chão.

E nas noites, nas senzalas

cantando e entoando

seus sonhos de liberdade,

trouxeram a melodia

dos lundus e dos batuques;

à música brasileira

deram vida, brilho, força,

ritmo, cor e poesia.

 

Índios, negros, portugueses,

franceses e orientais;

espanhóis conquistadores

e holandeses doutores;

italianos e outros mais

formaram a raça mesclada,

que na riqueza da terra,

sob o Cruzeiro do Sul

é  por Deus abençoada.

 

E mais de quinhentos anos

passaram-se desse abril.

Mas a gente desta terra,

valente, alegre e gentil

que ama sua liberdade:

ainda planta, canta e clama

por mais justiça e igualdade.

(Poema participante da Exposição Itinerante “ Brasil - 500 anos”,  da

Sala Mário de Andrade, S.P.)

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Emiliano Di Cavalcanti.

BRASIL, TERRA DE CONTRASTES

E SONHOS

 Adão Levorato

 

"Nas veias do Brasil,

corre um rio profundo,

de cores vibrantes, de um povo fecundo.

Amazônia, pulmão que respira e clama,

Enquanto o Cerrado,

em sua seca, se inflama.

 

No Pantanal,

a vida dança em harmonia,

mas a pobreza, como sombra, se alinha.

"O Bicho" de Bandeira, um grito de dor,

retrata a miséria, o lamento, o clamor.

 

Que país é esse ? pergunta Renato,

onde a riqueza é um sonho distante,

insensato.

A política, um labirinto

de promessas vazias,

enquanto o povo, em sua luta,

busca alegrias.

Chimarrão e tereré,

tradições que nos unem.

Em cada canto,

as culturas se impõem,

e nos comovem.

Os ritmos do samba, do forró a tocar,

misturam-se em cores,

em sabores a brilhar.

 

A herança da escravidão,

ferida aberta,

Castro Alves ecoa,

a voz que não se aquieta.

Resiliência é a marca do brasileiro.

Sonhos e decepções, um eterno roteiro.

 

Imigrantes que vieram,

com esperanças na mala,

Construíram um lar, onde a diversidade se instala.

Oswald de Andrade,

em versos de amendoim,

celebra a identidade

que brota do chão, enfim.

 

E assim, Brasil, em sua beleza e dor,

é um poema vivo, um grito de amor.

Entre as contradições,

a luta e a canção,

ergue-se um povo,

com força e paixão.

 

Neste solo fértil, onde a vida se entrelaça,

a poesia é a voz que nunca se cansa.

Brasil, terra de contrastes,

de sonhos a brilhar,

em cada verso, um pedaço do seu lar.

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A COMPLICADA ARTE DE VER
Rubem Alves

Enviado por Adriana A. de Toledo Murgel

      Ela entrou, deitou-se no divã e disse: "Acho que estou ficando louca". Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura. "Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões - é uma alegria! Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica. De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões... Agora, tudo o que vejo me causa espanto."
      Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as "Odes Elementales", de Pablo Neruda. Procurei a "Ode à Cebola" e lhe disse: "Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: 'Rosa de água com escamas de cristal'. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta... Os poetas ensinam a ver."
    Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física.

     William Blake sabia disso e afirmou: "A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê". Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.                    Adélia Prado disse: "Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra". Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema."

     Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem. "Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios", escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa.
     O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido. Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é uma busca da experiência chamada "satori", a abertura do "terceiro olho". Não sei se Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu:
"Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram". 
      Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na companhia de Jesus ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, "seus olhos se abriram". Vinicius de Moraes adota o mesmo mote em "Operário em Construção": "De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa - garrafa, prato, facão - era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção»
      A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas - e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre. Os olhos não gozam... Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo.
      Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras. Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, Jesus Cristo fugido do céu, tornado outra vez criança, eternamente: "A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as têm na mão e olha devagar para elas".
     Por isso - porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver - eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. Como o Jesus menino do poema de Caeiro. Sua missão seria partejar "olhos vagabundos"...

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